No caminho para o médico, ela decidiu parar e entender o que estava acontecendo. Não conseguia respirar. O corpo doía como martelo e saudade e não dava para chegar até o consultório. Parou o carro e começou a retirar meticulosamente todos os órgãos. Coração incluído. Expostos todos eles, não conseguia achar nada de errado. A ambulância com o médico chegou. O mesmo da cirurgia passada. Começaram a analisar juntos todas as peças e ele constatou que era preciso congelá-las, pois estavam parando de respirar, uma a uma. "O coração também?" Ela perguntou, curiosa, pois tinha certeza que essa peça era o defeito. O médico foi categórico. "Não. Está batendo com nunca". Mas o pulmão, esse sim tinha apenas alguns minutos de vida. Melhor colocar na caixa e corrermos para o hospital. "Lá eu coloco tudo direitinho. Acho que vai ficar bom". Mas e o coração? Ela sentia que o coração estava parando de respirar, de viver, de bater, embora ele não admitisse. E a peça era algo independente dela. Uma peça. Apenas. "Não - ele disse - Ainda está batendo como nunca".
E acordei. Os sonhos não são sempre estranhos e reais?
UAU
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