terça-feira, 27 de julho de 2010

Solicitação

Querido Anjo da Guarda: não precisa ser uma de girafa como essa que já procurei e nunca encontrei, mas por favor, me dê uma chaleira de presente de aniversário. Eu prometo que nunca, nunca mais saio de manhã e deixo a chaleira no fogo para voltar só a noite. Eu sei que você teve um trabalhão para manter minha cozinha, minha sala, meu apartamento e meu prédio intacto e deve ter se queimado um bocado tentando evitar incidentes maiores. Pelo estado da minha última chaleira, que nem tampa sobrou, sei que você está evitando que eu tome chá pelos próximos 89 anos, mas por favor, tá frio e eu tenho que esquentar a caneca d´água no micro. O chá fica péssimo. Conto com seu perdão. Amém.

domingo, 25 de julho de 2010

Resumo da ópera


Eu ainda não tinha ouvido falar no livro "90 Clássicos para Apressadinhos", de Henrik Lange. Mas achei a ideia bem divertida!

sábado, 24 de julho de 2010

As voltas que o mundo dá


Eu tinha 14 anos quando minha mãe decidiu sair de Curitiba e ir para o Nordeste. Não tive nem tempo de me despedir dos amigos. Entrei chorando na Caravan marrom pra uma interminável viagem de 4 dias até chegar ao destino: Campina Grande, na Paraíba. No caminho, só conseguia ler Trapo, do Cristóvão Tezza, e resmungar. Até hoje sei como o livro começa: "Tentei de novo falar com você essa madrugada. As feras da sua família são estúpidas numa insistência que me impressiona" (a primeira vez que fui entrevistar o Tezza, essa frase não me saia da cabeça...). No mesmo dia que cheguei já fui para a escola. Um abismo cultural. Eu não conseguia entender o que a professora falava. Eu não sabia onde estava e nem queria ficar ali. Até que uma garota de cabelo compridão virou pra mim e disse: "Tu tens uma borracha que apague lápis-tinta?". Devo ter ficado uns 3 minutos tentanto entender que ela queria um lápis-borracha para apagar caneta ou algo parecido. Solidária, ela deve ter percebido que eu era de outro planeta e decidiu me ajudar na aterrisagem. Coincidentemente, a irmã dela era casada com um primo meu, que eu nem conhecia. Mas as nossas famílias ficaram muito amigas. E nós também. Foram dois anos de convívio, interrompidos por um incidente absurdo que fez com que voltássemos pra Curitiba. Entrei chorando no avião e nem lembro o que estava lendo. Só conseguia ficar muda. De lá pra cá, muitas coisas aconteceram. É um tempão! Mas nunca deixei de falar com minha amiga. Trocamos cartas e cartas. Nos formamos em Jornalismo na mesma época. Perdemos as primeiras coisas na mesma época. Ganhamos outras na mesma época também. Eu tive Helena e ela Laura. Agora, 20 anos depois, nos encontramos fisicamente pela primeira vez. Ela veio com a família passar uns dias em Curitiba. Chorei no aeroporto, num reencontro de Thelma e Louise. E aqui era como se nunca tivéssemos deixado de nos ver. A família dela é linda! Eu me apaixonei por Laura e Helena ficou super a vontade com todos. A semana passou voando. Eles foram embora e deixaram o tempo comigo. E uma sensação de querer só coisas boas lapidadas em mim. Assim fica mais fácil passar as horas.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Diálogo de um manhã de sexta

- Helena, para de mexer a cabeça!
- Por quê?
- Porque fica mais fácil pentear seu cabelo!!!
- E por que você tem que gostar das coisas mais fáceis?"

(... não respondi, obviamente...)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Deu branco



Eu tento escrever aqui... mas não consigo. Quando a noite chega, sou só um restinho de mim. Amanhã me recupero. Amanhã. Espero.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pílulas

De vez em quando, coloco umas pérolas da Helena no Facebook só pra não esquecer depois. É engraçado ver a reação das pessoas, que comentam, "curtem" e se divertem comigo com as tiradas da menina. Uma breve retrospectiva:

"Mãe, a gente nunca escapou uma montanha..." (Helena, querendo ser alpinista)

"Mãe, por favor, não seja tão dramática!" (Helena, depois de me escutar praguejando discretamento ao pegar mais um sinal fechado)

"Mãe, pelos meus cálculos você pegou o caminho errado" (Helena, acertando na mosca)

"Meu deus do céu! Como isso é bom!" (Helena, comendo queijo de cabra do Armazém Rio Grandense)

"Mãe, que lugar tem mais estrela cadente? - Humm... não sei filha, acho que na praia. - Na praia??? Eu pensei que fosse no espaço..."

Crítica mirim: "Mãe, as vozes das cantoras são tão parecidas, né? Eu nunca sei se é a Fernanda Takai, a Adriana Calcanhoto ou a Marisa Monte cantando..."

Da série perguntas sem respostas: "Mãe, a vida é uma grande ilusão?" (hã? ela não deveria ter um pouquinho mais de seis anos pra perguntar isso?)

"Helena, como vc é tão boa no jogo de memória? - Ah, mãe, é fácil! É só ver com a mente!"

"Mãe, acho melhor vc arrumar uma lixeira pro escritório. Isso já está passando dos limites" (Helena, observando -indignada- o depósito do seu apontador de lápis abarrotado)

sábado, 3 de julho de 2010

Como nasce uma insônia

Acordei com sede às 03h27. Enquanto bebia água lembrei que tinha saído com o cachecol creme e não tinha mais visto. Refiz mentalmente a trajetória do dia e lembrei que podia ter esquecido no salão, quando fui cortar o cabelo. Achei que podia estar no carro. Desci na garagem. Não estava. Fiquei pensando porque eles não tinham me ligado pra avisar que esqueci. Lembrei que comprei o cachecol em Belo Horizonte, da Mary Design. Ela tinha me mandando um e-mail que não deu tempo de abrir. Liguei o computador para procurar o e-mail. Achei. Uau, que bacana a nova coleção dela. Post novos no facebook... no blog dos amigos... o que será que está acontecendo em Brothers and Sisters... uma procuradinha no blog para saber. Olha só, está passando reprise agorinha. Ligo a televisão para ver um episódio, mas já tá claro lá fora e o reflexo da janela atrapalha. Bom dia!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Comida de infância

Todo mundo lembra de uma comida que gostava muito quando era criança. As minhas não são reproduzíveis... Coisas esquisitas como abóbora com leite, ovos caipira com milho verde ou bolinhos de arroz, feijão e farinha feitos com a mão. Nunca fiz nada disso pra Helena, mas tenho uma regra com ela: experimentar coisas novas pelo menos uma vez por semana. Foi numa dessas que ela provou macarrão com molho de espinafre, uma receita que eu tinha inventado no dia e que agora sou obrigada a fazer pelo menos ... sempre!

Ela simplesmente adora e quem prova garante que é bom mesmo. A Dani já me pediu pra fazer na casa dela (pra adultos) e as pessoas sempre ficam com vontade de provar, mesmo que eu aproveite o espinafre pra fazer uma receita mais bacana e sofisticada. Mas não adianta, a receita pegou e Helena adora recitar por aí que é o prato preferido dela. A quem interessar possa:

Refogue na manteiga meia cebola e um dente de alho. Coloque meio maço de espinafre sem os cabinhos, só as folhinhas verdes e tenras. Quando as folhas murcharem e ficarem verdinhas, acrescente um copo de leite já com uma colher de maisena dissolvida. Mexa bem. Coloque duas ou três generosas colheres de nata ou creme de leite fresco, mexa um pouco e bata muito bem no liquidificador. Volte para panela, coloque sal a gosto e despeje restinhos delicados de queijo (pode ser aqueles que sobraram na bandeijinha). Fica um delicioso molho verde para ser despejado em espaguetes, macarrão parafuso, borboleta ou das mais diversas formas.

Aproveite para brincar de restaurante e faça o papel de garçonete/mãe simultaneamente. A diversão é garantida e o jantar também! Eu garanto.

Depois do fim do mundo


A menina pergunta: "Para que lado fica o fim do mundo?". Eu não sei responder, mas enquanto atravessamos uma preferencial e durante o breve silêncio que ela costuma fazer após perguntas difíceis, eu fico pensando... Fica dentro de mim... e aqui dentro acontece várias vezes por dia, algumas de forma mais trágica, outras só porque tem que acabar mesmo, suavemente...