domingo, 28 de fevereiro de 2010

Mudança



Então é isso. Dando continuida-de à longa fase de mudanças iniciada no ano passado, amanhã começo emprego novo. Por enquanto ainda estou fechando coluna e alguns perfis na Folha. Sugestões serão bem vindas.

Preciosas

Eu devia ter nascido com as glândulas lacrimais interrompidas. No lugar disso, tenho uma necessidade incomum de colocá-las para funcionar. Então, elejo um ou dois episódios por mês para me ajudar (quando posso escolher, por vezes sou escolhida). Ontem escolhi Precious. Mas curiosamente, não chorei. Foi só um encolhimento no peito e uma tensão enquanto assistia. O filme é uma adaptação do livro "Push", de Sapphire, sucesso de crítica e público em 1996. Foi feito com orçamento irrisório para os padrões de Hollywood, mas é um dos favoritos aos melhores filmes de 2009. Eu ainda não tenho minha lista. Vou correr ali me atualizar e já volto.

De passagem

Então eu espio a TV enquanto passo pela sala e a moça está dizendo para o moço: "A gente passa mais tempo discutindo a relação do que se relacionando".


Faz sentido...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Tempo, tempo


Alguém tem um hora pra me emprestar?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Você não gosta de mim



"Você não gosta de mim!", disse a menina, dentro dos seus seis anos de idade, depois de ouvir um enfático "não". A frase me nocateou. Nada mais podia magoar. A culpa era minha. Eu não sei me expressar, estou errando, não sei conduzir, crio complexo e preciso urgentemente criar o fundo terapia. Demorou pra entender. Mas não mudei de opinião. Disse não porque é preciso. "Te dou muito carinho e tudo que você precisa". Os argumentos não acabavam e a discussão se estendeu bem mais do que eu precisava deixar. "Se me desse carinho estava me dando agora". Mas na hora continuei dizendo não. E vou continuar dizendo. Muitos. Porque é preciso. Porque amo. Não tanto quanto nego. Mais. No outro dia, ainda confusa, tentei conversar. "Acha mesmo que não gosto de você ?" "Claro que não!" , ela respondeu sem dar muita bola. "Aquilo foi ontem. Hoje é hoje e eu te amo. Mas mais do que você me ama." E deu um abraço tão apertado quanto o nó no meu peito, antes de correr pra brincadeira.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Aterrisagem


Achei tão bonita essa imagem (no G1 de hoje). Será que não vendem um paraquedas desses para pessoas em ritmo acelerado?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Chacina


Hoje de manhã, encontrei um leão morto no caminho do supermercado. Ali, no Festval da Manoel Ribas. Juro. Fotografei com o celular pra provar...Alguém aí tem o telefone da Sociedade Protetora dos Animais?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Vida real

E a dentista, muito espantada com a notícia de que eu decidi sair do emprego, faz o seguinte comentário:

- Bom, que seja, tinha que ser agora. Daqui cinco anos não daria mais...

(Ah, tá... quer dizer que não se pode mudar de vida aos... 67 anos???)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Fechamento

Ah, sim. E até o final do mês continuo na Folha. E amanhã é fechamento de domingo... Portanto, por hoje é só pessoal.

Seguir em frente

Muita gente tem me ligado e mandado e-mail sobre o post da demissão. É só uma mudança de ares. Provavelmente eu vá contar mais depois. Mas ainda não me sinto preparada. Na verdade, nem sei o que me espera realmente. O comentário fofo da Rô, minha amiga há muuuito tempo, esclarece mais do que eu:

Ronise Vilela disse...

Conhecendo sua trajetória, posso dizer que você não pediu simplesmente demissão, mas sim, com licença, preciso ir em frente! Sucesso!


Sucesso sempre. Para todos nós.

Desafio

Eu não sei cozinhar carnes. Mas quando não há nada na geladeira (calma, calma, ainda não é caso de interdição. É só falta de tempo, aliada a um pouco de preguiça de supermercados) além de uma bandeja de carninha congelada e alguns legumes na gaveta, é hora de aceitar o desafio. Foi assim: refoguei cebolha e alho e os pedaços de carne (ignoro a espécie), cubos generosos de cenoura, aipo (minha nova mania) e os temperinhos da casa (menos sal, que dizem, deixa a carne durinha). Pouca água e pressão por alguns longos minutos. No fogo ao lado, cozinhei batatas. Quando a carne ficar bem macia a ponto de desfiar, tempere com verdinhos (se restarem), sal e noz moscada. Sirva com os pedaços de batatas para serem amassados no prato, um pedacinho de queijo Président, que vem numa latinha que é uma graça (se nada der certo, o queijo salva) e a carninha desfiada ao lado. Ah, sim cogumelos na manteiga para acompanhar também funcionam... mas eu não tinha manteiga.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A ponta redonda


(...) loucura loucura os homens são loucos - a faixa no véu que pende dos cílios das persianas enxuga as nuvens rosa no espelho cor de pomo do céu que já desperta em sua janela - vou ao bistrô da esquina arrancar-lhe com minhas garras a pouca cor de chocolate que ainda ronda no negro do seu café - um belíssimo dia hoje e até amanhã à noite daqui a pouco (...)
Trecho da peça "O desejo pego pelo rabo", a primeira aventura literária de Pablo Picasso (1881 - 1973), mas acho que este livro não é meu...
A tela: Juan Gris "Portrait of Picasso - 1912"

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Amanhã


Pessoa de hoje, pela minha mania de achar que amanhã vou mudar de hábitos:

Adiamento

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado, O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico... Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos. Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
(...)
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...
Sim, o porvir...

(Álvaro de Campos)

Liniers de hoje


domingo, 14 de fevereiro de 2010

Werther

6 de dezembro

(...) "Como sua imagem me persegue! Quer acordado, quer sonhando, está totalmente em minha alma! Quando fecho os olhos, neste ponto aqui da minha fronte onde se concentra a visão interior, vejo seus olhos negros. É bem aqui neste ponto! Não sei como exprimir-lhe isso. Cada vez que fecho os olhos, eles lá estão, abrem-se diante de mim, em mim, como um mar, como um abismo, enchendo os meus sentidos e o meu cérebro.
O que é o homem, esse semideus tão louvado? Não lhe faltam as forças justamente no momento em que necessita delas? E quando ele, alçando vôos de alegria, ou abismando-se na tristeza, em um ou no outro caso, não será então limitado, retomando a consciência fria e banal de si mesmo, justamente quando contava perder-se no infinito?" (...)

Página 91 de "Os sofrimentos do Jovem Werther", de Goethe, um do livros que resgatei durante a mudança e ando relendo.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Janela indiscreta


Meu dinheiro não compra uma vista para o mar. No lugar disso, a janela do escritório aqui de casa dá visão para uma outra janela, do prédio vizinho. Os vidros viviam fechados, mas hoje eles se abriram. Agora a janela do vizinho está decorada com uma gaiola fechada. Dentro dela tem um pássaro de cor amarelo-triste.

Terceiro andar

Ontem uma borboleta entrou pela porta da minha casa. Deve ter subido as escadas voando.

Uma década

Eu estava a caminho do trabalho, no jornal O Estado do Paraná, quando o Donatti, então chefe de redação da Folha de Londrina, me ligou fazendo uma proposta. Não pensei duas vezes. A Folha era, sem dúvida, o melhor jornal para se trabalhar na época. Eu tinha meus vinte e poucos anos e fui trabalhar no sonho de consumo dos jornalistas. Um jornal sério, "independente". No primeiro dia, assinei a manchete. Nem lembro o que era, só lembro do peso que foi. Nos anos seguintes, passei madrugadas em rebeliões, fiz viagens malucas e pautas das mais bacanas, mesmo antes de assumir o Folha 2, o caderno de cultura da Folha. Uma que nunca vou esquecer foi a pauta do aniversário de Curitiba, quando a chefia dividiu a equipe para cobrir 24 horas na cidade. Eu e o Kraw Penas, sem dúvida um dos melhores fotógrafos da cidade, fomos destacados para cobrir a madrugada. O que aconteceu rende um post a parte (fica a promessa). Já no Folha 2 aprendi a gostar de política cultural e ir além das materinhas de espetáculos e afins. A Folha foi mudando, perdendo espaço como aconteceu com quase todos os veículos impressos nos últimos anos, mas mesmo assim tinha uma redação incrível. Mesmo com toda a leva de demissões de tempos em tempos (as quais milagrosamente sobrevivi) mantinha um foco e uma postura profissional. Com o tempo, muita coisa mudou. No jornal e em mim. Há uns anos assumi a coluna que nem era exatamente a minha cara, mas a liberdade no trabalho não tinha preço. Enfim, dez anos se passaram sem que nem uma vez eu reclamasse a caminho do trabalho. Ir para Folha sempre foi um prazer, mesmo nas épocas mais difíceis. Por isso, ontem, sofri um pouquinho pela primeira vez. Ontem, pedi demissão.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Lead invertido


Hoje é o primeiro passo para a grande mudança. Depois conto mais.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Só pra registrar

Ontem foi aniversário da Helena. Eu ganhei o presente, como ela disse: "Mãaaaaaaaae, agora você é mãe de uma menina de seis anos".

Confusão

Ando tão confusa ultimamente que nem consigo me expressar. O texto abaixo nem era pra falar sobre a entrevista, mas sobre as abreviaturas que fazemos - inevitavelmente- na internet. A intimidade instantânea que se instala. De um e-mail formal no primeiro contato, a "bj" e "abs" no segundo. É muito rápido, né? bj.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Abs!


A gente acha que não. Reclama, mas logo logo está dentro do esquema. Mandei um e-mail para uma escritora solicitando uma entrevista. Super formal. "Bom dia, estou escrevendo para a revista tal, sobre tal coisa. Agradeço sua atenção. Atenciosamente. Nome, sobrenome, endereço e telefone". Ela respondeu prontamente. "Oi. Obrigada pelo contato. Pode enviar por e-mail. Abraço". No segundo e-mail que mandei, substitui a formalidade por um olá e outras frases curtas. Quando ela responde, mandou "bj". A resposta, aliás, foi o máximo de verborragia da internet: "ok, bj". Precisa mais?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Olá Segunda-feira


Explico

Ah, sim sobre o jornalismo: não gosto de citar nomes, mas digamos que o fato do grande festival da cidade divulgar com exclusividade sua programação para um grande jornal do Paraná, depois de ter prometido coletiva para mostrar a grade, não é assim um primor de profissionalismo, né?

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Notícias


Nos últimos dias eu:
* falei mais do que precisava
* fiquei indignada com o jornalismo sem graça e sem ética que se faz em curitiba e no resto (mas mais em curitiba)
* fiz planos
* fiz planos para o aniversário da helena, que tá pertinho
* derrubei um frasco de super cola nas mãos e fiquei colada em mim mesma
* tomei mais sorvete do que deveria
* achei essa ponte suspensa aqui. é notícia velha... mas (agora) não são, todas, depois de 15 minutos?
(não necessariamente nessa ordem)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Na redação

Não é por acaso que as quintas são chamadas (por mim) de "quintas do terror"...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Helena

Alguém aí sabe como é ter uma miniatura (melhora
da, claro) de si mesmo?

eu sei!

Sobre a solidão


"No ensaio Sobre a Solidão, Montaigne nos conta que 'ao receber a informação de que um determinado homem não se tornara melhor com suas viagens, Sócrates fez o seguinte comentário: Claro que não; este homem levou ele próprio consigo'".
Alain de Boton

Corpo e alma

"Qual a relação entre uma caixa de chocolates e uma paixão? Teoricamente, nenhuma. Só que as duas, depois que acabam, costumam deixar uma mulher devastada. No corpo ou na alma."


(Na Folha de S. Paulo, ontem. Só não conto na coluna de quem porque tenho preconceito)