terça-feira, 24 de julho de 2012

Sobre jacarés

As manhãs têm me dado alguns presentes. Tenho sido surpreendida por pensamentos, por carinhos, por emoções que resolvem aparecer cedinho para dar bom dia. Hoje cedo, Helena me presenteou com um desenho que continha – pra mim – bem mais que traços e cores. Há algum tempo, quando ela me perguntou o que eu queria de presente de aniversário, respondi que queria um jacaré. Faltam uns dias pra data, mas a menina tem memória de elefante e já está ansiosa com o dia. Acordei com o rostinho lindo dela me dando um jacaré. Tal qual meu pedido. Tartarugas e pássaros: tremam, voem, saltem, rastejem! Há um jacaré surgindo. E tem tanto sobre mim nesse desenho. Tenho medo de ir devagar demais em alguns momentos; de andar a passo de tartaruga quando na verdade deveria dar um vôo rasante. Tenho medo de voar rápido demais, quando deveria parar e observar as coisas com olhos de réptil. E por fim, tenho medo de devorar a tartaruga e o pássaro que há em mim, com dentes mortais e afiados. Vou registrar esse desenho em mim, para que eu me lembre de conviver passivamente com todas as emoções que surgem e com todos os animais que somos. Pela manhã e ao longo do dia. Já ganhei meu jacaré. Vou adestrá-lo agora.