Bagagem musical
O percussionista Ricardo Janotto vai lançar três CDs e ministrar oficinas de música brasileira na Holanda, Itália, Portugal e Croácia
Desde que foi convidado para passar uma temporada na Nova Zelândia, em 2006, e ministrar oficinas de música por lá, o percussionista brasileiro Ricardo Janotto optou por levar na bagagem mais do que roupas ou itens pessoais. Ele leva a cultura brasileira. Toda vez que viaja, Janotto abastece a mala com livros e CDs sobre a genuína música nacional, deixa nas bibliotecas das cidades por onde passa e também usa o material como recurso para as inúmeras oficinas e cursos que apresenta.
A trajetória, que já inclui cursos em cidades da Europa e dos Estados Unidos, começou quando Janotto - também conhecido como Ricardo ô Rosinha - foi convidado para participar do Festival Jambalaia. Foram três meses de shows e oficinas em mais de 20 escolas de música, arte e teatro na Nova Zelândia. Em 2007, depois de obter a cidadania italiana, ele passou quase um ano na Itália fazendo contatos e estreitando os laços com artistas europeus.
O resultado dessa experiência é que uma música dele integra o disco gravado pelo italiano Emanuelle Gucci e foi escolhida pela gravadora Irma Record para ser a canção de trabalho do álbum, que será lançado em outubro, em Milão. No mesmo mês, em Roma, acontece o lançamento do disco da cantora italiana Lisa Maroni, que tem direção musical assinada por Janotto e foi gravado em Curitiba.
Para acompanhar os dois lançamentos, Janotto segue amanhã para uma temporada de seis meses na Europa, onde também vai apresentar o disco Tambor de Casa, um extenso trabalho de pesquisa sobre a música brasileira lançado em 2007. O disco tem 99 faixas e reúne 17 ritmos brasileiros. Apresentações do músico já estão marcadas na Holanda (Amsterdã), Itália (Milão e Roma), Portugal (Porto e Lisboa) e Croácia (Zagreb). Durante dois meses, além dos shows, Janotto vai ministrar oficinas de ritmos brasileiros para os músicos europeus.
A ideia do disco Tambor de Casa - que reúne ritmos desde fandango ao frevo e maracatu - começou a tomar forma depois da temporada na Nova Zelândia. Ele queria mostrar a música brasileira fora do estereótipo do pagode e música baiana que é difundido lá fora. ''As pessoas não conhecem a genuína música brasileira na Europa e Estados Unidos. Mas se interessam muito pelos ritmos do nosso País'', conta.
O músico explica que Tambor de Casa é uma versão contemporânea da batucada brasileira. ''A seleção destes ritmos foi feita de acordo com as manifestações que acontecem em Curitiba. Do meu contato com esse caldeirão cultural, do meu relacionamento com os músicos/amigos que participam do disco'', explica. Para ele, o projeto se tornou um verdadeiro painel da tradicional percussão brasileira, com amplo leque de ritmos e seus principais sotaques regionais.
Levar essa cultura para fora do País é o principal objetivo do músico, que aproveita o tempo que passa no Brasil para recolher CDs e livros sobre música brasileira para deixar nas bibliotecas e escolas por onde passa. ''É uma forma de difundir o trabalho feito por aqui'', enfatiza. Na volta, Janotto quer investir em um trabalho solo, ainda sem data de lançamento. Mas quer continuar difundindo a cultura musical brasileira. ''O fato de fazer uma turnê em países europeus levando um pouco do Paraná e do Brasil é muito significativo e traz uma responsabilidade musical muito grande. Mas acredito que, assim como as outras vezes que viajei para o exterior, a receptividade vai ser muito grande.''.
Katia Michelle
Equipe da Folha
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