terça-feira, 15 de setembro de 2009

Amores e mudanças

QUANDO A VIDA da gente está emperrada (o que não é raro), será que faz sentido esperar que um encontro, um amor, uma paixão se encarreguem de nos dar um novo rumo? Provavelmente, sim -no mínimo, é o que esperamos: afinal, o poder transformador do encontro amoroso faz o charme de muitos filmes e romances. Os especialistas validam nossa esperança. Jacques Lacan, o psicanalista francês, dizia, por exemplo, que o amor é o sinal de uma "mudança de discurso", ou seja, na linguagem dele, de uma mudança substancial na nossa relação com o mundo, com os outros e com nós mesmos. Claro, resta a pergunta: o que significa "sinal" nesse caso? Duas possibilidades: o amor surge quando está na hora de a gente se transformar ou, então, é por amor que a gente se transforma. Não é necessário tomar partido: talvez as duas sejam verdadeiras. Seja como for, volta e meia, alguém me pede uma receita: como esbarrar num amor que nos transforme? A resposta trivial diz que os encontros acontecem a cada esquina: difícil é enxergá-los e deixar que eles nos transformem, ou seja, difícil é ter a coragem de vivê-los.

(...)

Esse e outros textos do Contardo Calligaris estão reunidos aqui . Para quem não tem tempo de olhar a Folha de S.P nas quintas.

Um comentário:

  1. Começo a acreditar na teoria de que o amor é uma invenção de Hollywood. Que existe uma pessoa certa para cada um de nós e que depois de uma infinita jornada de encontros e desencontros, o casal viva feliz para sempre.
    Sou mais Vinícius, "que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito, enquanto dure..."

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