sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Silêncio

Disseram que não pegava celular e que não tinha internet. Não é tão grave assim. Mas algumas coisas são verdadeiras. O "toque de recolher" acontece às 21h30. Já se passaram cinco minutos e a rede ainda não caiu, nem a luz foi cortada, então acho que está tudo ok. Lá fora não se escuta mais nada além do silêncio, mas antes teve um bingo divertido e depois uma rodada de chá, dessa vez com mel, quase uma prêmio pelo dia. O mel é um nectar. Não há sal nas comidas e as pessoas brincam que o tempero deveria ser o prêmio do bingo, já que vale muito no "mercado negro". Garantem que esse mercado não existe. Ninguém revista as bolsas, como disseram, mas há o consenso de não entrar por aqui comidas e bebidas que não sejam produzidas na casa. Mas eu vi um menino de seus 20 anos roubar um pedaço de sonho que uma hóspede de primeira viagem tinha na bolsa. Quem já esteve por aqui antes (entrevistei uma mulher que já veio 17 vezes) jura que as pessoas respeitam as regras. Não há tv nem telefone no quarto, mas é possível usar o celular em locais restritos. No jantar, às 18 horas pontualmente, servem comidas de acordo com a dieta de cada um. Não tenho nenhum restrição e confesso que o pouco que servem é demais pra mim. Por isso, cedi uma das minhas tortinhas de ricota para o marido da minha amiga jornalista, que entrou de gaiato nessa. Mas vi os olhares reprovadores das pessoas ao lado quando deixei de comer toda a fatia de pão integral. Agora é melhor apagar a luz. O dia amanhã começa às 6, com uma caminhada de 10 quilômetros. Sim, a isso sobrevivo... mas bem que podia ter uma tacinha de malbec...

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