sábado, 12 de dezembro de 2009

Homeless


Já o encontrei algumas vezes e sempre foi de uma simpatia e gentileza excessiva. Ontem, quando estava acomodando a menina na cadeirinha ele se aproximou. Disse que cuidou bem do carro e marejou os olhos me vendo, atento, colocar o cinto de segurança, enquanto conversava amenidades com a figurinha. "Estou com saudades dos meus sobrinhos". "É mesmo?" Perguntei. "Que idade eles têm? " Então começou a falar uma infinidade de nomes, idades e cidades e disse que cuidava e ensinava pessoalmente dos meninos quando era professor. Não tinha um só dente na boca. Mas a encheu para falar do tempo em que lecionava. Enquanto eu procurava a moeda na bolsa, perguntei seu nome. "Celso. É o único nome que tem no dicionário". "E o que significa?", arrisquei. "Alto, elevado, formoso", ´respondeu esquecendo a timidez. Mas logo lembrou como estava, olhou pra baixo e disse: "Não que eu seja assim". Mas era.

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