quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Galeria

CIANORTE GANHA GALERIA DE ARTE (das minhas tias queridonas)

Inauguração será neste sábado; cultura vibrante é marca das comunidades mais ativas, diz a proprietária.

Será aberta neste sábado, às 20h, em Cianorte, a SUMÉ GALERIA, a primeira galeria de arte da cidade (Rua Constituição nº 189, sala 02). A primeira exposição individual é da artista pernambuca Célia Medeiros de Araújo (1948-2009), que assinava seus trabalhos como Cemear. A galeria também exporá pequenos desenhos dos modernistas Guignard e Rebollo e do muralista Carybé.
As proprietárias da galeria são Eliane Medeiros e Lucia Medeiros. Segundo Eliane, uma comunidade só mostra sua vitalidade e sua vibração humana quando tem uma vida cultural também vibrante. “Vamos tentar manter a galeria, mas sozinhas não conseguiremos. Precisamos do apoio de todos”, dizem. Elas pretendem organizar novas mostras até o início do ano que vem, em especial de artistas de qualidade da região.
Nascida em Caruarú, Pernambuco, a artista Célia Medeiros de Araújo morreu em novembro em Cascavel, no oeste do Paraná. Era uma das 11 filhas de migrantes nordestinos que chegaram ao Paraná pouco antes da geada de 1965. Sua pintura tem características de arte naïf brasileira, ingênua, com temas sertanejos, paisagens e retratos.
Como nos procedimentos da pop art norte-americana, ela fez vários retratos de sua própria mãe, Eulina, em cores diferentes, e enviou para os irmãos pelo correio. Pintava como hobby, para relaxar, mas, por intuição, irmanava-se com o trabalho de gente como Heitor dos Prazeres, Cardosinho, Ivonaldo, Jose Antonio da Silva, Paulo Pedro Leal.
Naif quer dizer ingênuo, puro, o primeiro estado de uma coisa, seu estado natural. Não se trata de uma arte institucionalizada, mas é possível encontrar elementos de ligação entre seus artífices.
Conhecia bem as cores da pintura naif nordestina, e tinha o Nordeste incrustrado em sua pele. Não o Nordeste seco, estéril, lamentoso, mas um Nordeste colorido, verde, vibrante. Suas cores são as mesmas cores que estão no artesanato das Irmãs Cândido, na poesia de Patativa do Assaré, nas canções de Zé Ramalho.
A mostra também terá trabalhos de dois expoentes do modernismo brasileiro, Alberto da Veiga Guignard e Francisco Rebollo, um de ascendência italiana e o outro espanhola. São um desenho e uma aquarela em pequenas dimensões; A outra obra é um desenho de Carybé.
Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) ficou conhecido como o pintor que espetava igrejinhas nas montanhas de Minas Gerais. É um dos mais valorizados artistas nacionais.
O artista plástico Francisco Rebollo Gonzales, conhecido como Rebolo, nasceu em São Paulo em 1902. Filho de imigrantes espanhóis, foi também jogador de futebol nos clubes Corinthians e Ypiranga e, somente em 1934, tornou-se pintor. Na década de 30, Rebolo desemhou o símbolo do Corinthians.
Argentino da província de Lanús, Hector Julio Paride Bernabó, que o Brasil conhece simplesmente como Carybé (1911-1997), correu o mundo antes de assentar praça na Cidade da Bahia. Tornou-se o argentino mais baiano do mundo. Em 1961, foi homenageado com sala especial na 6ª Bienal de São Paulo. Em 1952, Carybé fez o storyboard do filme O Cangaceiro, de Lima Barreto.

Um comentário:

  1. Muito bom!!!
    Até cheguei a pensar que isso nunca aconteceria.rsrsrs...
    Sou fotógrafo (artístico), queria saber qual é o e-mail da galeria, para poder mandar um dossier sobre meu trabalho.

    Junior Perassoli - jrperassoli@hotmail.com

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