sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Bonitinho e ponto.
E viveram felizes para sempre
A polêmica de 'A Princesa e o Sapo' fica só na promessa. A nova animação da Disney é politicamente correta e insossa
Nada de piadinhas espertas ou recursos tecnológicos inovadores. ''A Princesa e o Sapo'', a mais recente produção da Disney, aposta na clássica versão tradicional das animações infantis. Tem suas particularidades, mas abusa de uma série de clichês, transformando a primeira princesa negra da história dos filmes da Disney em uma animação politicamente correta e bonitinha, mas que não traz nada de novo no reino dos contos de fada.
O longa conta a história de Tiana e suas peripécias na descoberta do verdadeiro amor. As aventuras da princesa começam com sua busca para realizar o sonho de montar um restaurante. De uma família humilde, ela transita pela alta sociedade acompanhando a mãe, que costura para família ricas. Mas sabe diferenciar o próprio mundo e por isso trabalha, trabalha e trabalha. Até conhecer um príncipe que, na verdade, está prometido para a sua melhor amiga abastada e abobalhada.
Mas o príncipe vira sapo e Tiana, que não é nenhuma princesa no início da história, entra no brejo de gaiata e se transforma em uma rã simpática e até bonitinha. Como é muito mais forte e empenhada do que o próprio príncipe, um boêmio falido apaixonado por música, é ela quem vai conduzi-los no caminho que pode levá-los ao retorno à forma humana.
E nesse ''tortuoso'' caminho eles encontram uma série de personagens fanfarrões, um crocodilo músico, um vagalume apaixonado por uma estrela (e que surpreendentemente tem um desfecho trágico para os filmes infantis da Disney), uma feiticeira cega e muita, muita música da era do jazz e que, traduzidas, não chegam a ser um primor do delicioso gênero. A estética psicodélica presente em várias partes do filme e que pontuam as músicas são, no entanto, um alento para a história arrastada.
Os personagens parecem não ter sintonia entre si e os próprios protagonistas não são dotados de carisma. Juntando todos esses critérios apáticos, o filme marca a volta da Disney aos filmes 2D, na contramão das animações que apostam nos recursos tecnológicos como a terceira dimensão. A polêmica do filme em ter uma protagonista negra (exatamente no ano em que os Estados Unidos elege um presidente negro) não se justifica. As reclamações aconteceram antes do lançamento e forçaram algumas alterações.
O nome original de Tiana, por exemplo, seria Maddy, mas após protestos de que o nome era uma referência pejorativa à escravidão, a Disney decidiu alterar. O filme também teve seu título mudado, já que originalmente se chamava ''A Princesa Sapo''. Tantas concessões talvez sejam o motivo da animação ter se tornado um produto correto e engraçadinho, mas sem nenhum diferencial. O conto de fadas às avessas, prometido na divulgação, se transforma, na verdade, em um historinha bem tradicional, em que só um final conta: o de viver feliz para sempre.
Katia Michelle
Equipe da Folha
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A Princesa e o Sapo,
publicado na Folha
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