O maior festival do teatro brasileiro
Em número de espetáculos, o Festival de Curitiba não tem rivais: este ano serão cerca de 400 montagens. Entre elas, 'Lamento de Dulcineia', de Montreal, e 'Música Para Ninar Dinossauros', com Mário Bortolotto no elenco
Curitiba - Depois de ter a imagem arranhada pelo cancelamento de um dos espetáculos mais procurados e esperados do ano passado - a peça ''Rock'n' Roll'' - o Festival de Curitiba fecha a grade de programação do evento em 2010 com um foco: evitar erros. Tragédias e comédias, só no palco. A produção, que acaba de recuperar um dos principais patrocinadores, a Petrobras, quer consolidar-se como uma vitrine do que acontece no teatro brasileiro. O festival, novamente, terá recorde de espetáculos na sua mostra paralela, o Fringe. São cerca de 380, e outros 30 na mostra principal.
Pela primeira vez, o número de peças de outros Estados no Fringe supera o paranaense. A grade completa só será divulgada no próximo dia 5, porém, o diretor geral do evento, Leandro Knopfholz. conversou com a FOLHA sobre as alterações do Festival em sua 19 edição, que acontece de 16 a 28 de março. Para ele, não há mudanças efetivas, mas uma ''tentativa de aperfeiçoamento''. ''O festival é um eixo e em volta dele orbita informação e o que está acontecendo na realidade do teatro nacional'', diz.
Ele sugere que os espetáculos do evento, sejam bons ou ruins, refletem a realidade brasileira. Longe de analisar somente a qualidade do repertório, ele lembra que o evento é um importante pólo de encontro para produtores, atores, diretores e, também, para quem gosta de assistir às montagens. A cada ano, a produção divulga aumento de público e, a julgar pelo número de peças do Fringe, plateia não falta. Embora a cada ano também, uma série de espetáculos da mostra paralela sejam canceladas por falta de audiência.
Para tentar melhorar essa realidade, este ano o Fringe passa por mudanças. Algumas salas terão curadoria, ou seja, serão programadas de acordo com o gênero do espetáculo. A ideia, segundo Knopholz, é que cada vez mais o público saiba o que encontrar quando chegar a determinado espaço - comédia, experimentação ou teatro clássico. O diretor admite que faltava informação sobre as peças, o que tornava o Fringe uma atividade de risco, mas acredita que a divisão por estilos possa ajudar a reduzir as críticas. Além disso, este ano diretores de peso como Felipe Hirsh e Cibele Forjaz, decidiram integrar a mostra paralela, que não dá contrapartida financeira para os participantes.
Na Mostra Contemporânea, Knopholz reforça que não há apostas em favoritos, assim como não admite que a peça cancelada no ano passado era a mais esperada (embora o espetáculo tenha sido um dos primeiros a ter os ingressos esgotados). Ele acredita, sim, que o festival está ganhando cada vez mais credibilidade. ''Todos se mostram satisfeitos em participar'', comemora. Mas alguns apoios nacionais importantes ainda estão longe de acontecer. Como o da Funarte, por exemplo. A fundação tem tradição na parceria com os grandes eventos culturais na cidade, entretanto, nunca apoiou o Festival de Curitiba. ''Todos os anos eu converso com eles, mas só escuto críticas ao Fringe e sugestões de como melhorar a mostra paralela'', revela o diretor, embora sem descartar a possibilidade de uma parceria. ''Acho que eles (a Funarte) estão mais sensíveis ao evento''.
E o que o público pode esperar desta edição do festival? Entre as peças já confirmadas estão o ''Lamento de Dulcinéia'', de Montreal, única atração internacional da Mostra Contemporânea (no Fringe, já estão confirmados espetáculos de Quito, França, Portugal, Angola e Equador) e ''Música para Ninar Dinossauros'', que tem no elenco o ator e diretor Mário Bortolotto e o quadrinhista Lourenço Mutarelli. Essa será a estreia de Mutarelli no palco e a primeira participação teatral de Bortolotto depois que o londrinense radicado em São Paulo levou três tiros durante um assalto.
O evento, que mapeou 170 salas de teatro na cidade este ano, vai apresentar ainda a segunda edição do Gastronomix, evento de gastronomia coordenado pelo premiado chef Celso Freire. No ano passado, o sucesso do evento fez com que a comida elaborada pelos profissionais mais renomados do Brasil esgotasse em menos de duas horas, causando um certo tumulto e decepção. ''A gente erra e aprende a cada evento. Só que o festival acontece uma vez por ano e a gente só tem chance de consertar na próxima edição'', conclui Leandro. A hora chegou.
Katia Michelle
Equipe da Folha
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