quarta-feira, 25 de agosto de 2010
No caminho, há uma estrada
Eu levo muito tempo de casa até o trabalho, então tive que aprender a reconhecer os obstáculos. Sei quando lá na frente há uma pista que se abre e os carros se atropelam para fazer parte do caminho, sem pedir licença. Eu mudo a direção. Eu acelero e reduzo quando há buracos. Quase que automaticamente. Para atravessar tudo isso é preciso uma trilha sonora condizente com o clima e o astral do dia. Silêncio também é barulho. A música -ou a falta dela- me ajuda quando preciso alterar a rota, ir mais devagar ou ligar a seta. A trilha conduz. Eu queria que minha vida fosse assim. Não gosto quando há gente lenta demais na minha frente, mas ultrapasso com carinho, pedindo licença. Tampouco sossego quando alguém acelera atrás de mim, com uma luz alta que cega. Ultrapasse pela esquerda, por favor, sem fazer alarde. Os imprevistos, atravesso com cuidado, que é pra não danificar o motor ou a lataria, embora saiba que o desgaste é natural. Afinal, a estrada deixa marcas e eu levo muito tempo pensando no caminho.
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