quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sobre os espaços que ocupamos

Quando eu era pequena, costumava ficar sob a máquina de costura da minha mãe. Os pedais que se movimentavam embalavam a leitura de todos os livros da Coleção Vagalume. Antes de completar oito anos, eu já tinha devorado quase todos. “O Menino de Asas” entre os favoritos.

Enquanto lia sobre o menino que podia voar, eu não podia ter tantos movimentos assim. Naquele tempo (e depois que se usa essa expressão pela primeira vez, acho que tudo degringola) criança não ocupava muito espaço e tinha o seu lugar bem definidinho.

Penso nisso quase todas as vezes em que eu e Helena entramos em casa. Ela chega deixando a mochila sobre a mesa, tira os sapatos cuidadosamente e os ajeita ao lado do sofá. Pára para desenhar no quadro de giz que instalamos na cozinha, deixa recados bem humorados, abre a geladeira para pegar um suco e vai cantarolando pelo corredor com o gato - ou o Cara, diminutivo de Caramelo - no colo (*).

A casa toda é dela. Há desenhos e esculturas espalhados por todos os cantos. Tudo tão bonito e colorido. Minha vida é ocupada pela visão novidadeira que ela tem das coisas. Ela não fica sob os pedais, ela tem as asas do menino que voa. E as empresta para toda a gente que convive com ela.

(*) - Sim, já passei muita vergonha em padarias e supermercados, com a Helena gritando: "Mãeeeee vamos logo pra casa ver o Cara!!"

(**) O dinossauro foi um presente da Helena para o meu amigo de infância Marco Jacobsen, no aniversário do lindo do filho dele, o Theo. Eu roubei virtual e honestamente, porque né!

3 comentários:

  1. Que legal seu amigo de infância Marco Jacobsen. Me apresenta?
    Besos

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  2. Que bonito, Mi
    (sim, Helena também as empresta para mim)

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  3. Ronise Vilela, você também é minha amiga de infância! Olha olha!!!!


    Nana, não consegui fazer um post só do Cara, mas um dia sai! Vem logo! bjs.

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