segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Poder de síntese


... "Uma flor à margem do rio para ele era uma flor amarela e não era mais nada.... Mas há uma diferença. Depende se se considera a flor amarela como uma das várias flores amarelas ou como aquela flor amarela só. É que para tal homem, essa flor amarela era uma experiência vulgar, ou coisa conhecida. Ora, isso não está bem. Toda coisa que vemos, devemos vê-la sempre pela primeira vez, porque realmente é a primeira vez que a vemos. Então cada flor amarela é uma nova flor amarela, ainda que seja o que se chama de a mesma de ontem. A gente já não é mais o mesmo nem a flor a mesma. O próprio amarelo não pode ser já o mesmo. É pena a gente não ter exatamente os olhos para saber isso, porque então éramos todos felizes".

(Fernando Pessoa num rara edição portuguesa de 1975 que eu tenho. Ilustração de Gustav Klint, porque eu quis)

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