Primeiro vi. Depois li por aí. Acho que é porque você tem que ver também.
há um pássaro azul no meu peito que quer sair
mas eu sou duro demais pra ele
eu digo, fica aí, não vou
deixar que ninguém o veja.
há um pássaro azul no meu peito que quer sair
mas eu jogo uísque nele e dou um trago no meu cigarro,
e as putas e os garçonse os balconistas dos mercados
nunca percebem que ele está
aqui dentro.
há um pássaro azul no meu peito que quer sair
mas eu sou duro demais pra ele
eu digo, fique quieto, quer acabar comigo?
há um pássaro azul no meu peito que quer sair
mas eu sou bastante esperto, deixo que ele saia
somente em algumas noites enquanto
todo mundo está dormindo.
eu digo: eu sei que você está aí,
então não fique triste.
depois, o coloco de volta em seu lugar,
mas ele ainda canta um pouquinho
lá dentro, eu não deixo
que morra completamente
e nós dormimos juntos
assim, como nosso pacto secreto
e isto é bom o suficiente para
fazer um homem chorar,
eu não choro,
você chora?
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
Salto
2010 foi o ano em que tentei me despedir das mágoas (não consegui totalmente, mas 2011 vem aí). 2010 foi o ano em que deixei uma década para trás. Que mudei de emprego. Que tive coragem de dizer não. Que disse muito sim. 2010 foi o ano em que aprendi a respirar. Que fiz essa foto linda da Helena saltando no pula pula. 2010 foi um ano de saltos. Que em 2011 o impacto seja menor. Para todos. Amém.
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sábado, 25 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
Arroz
Quando eu era pequena, eu costumava espalhar a comida pelo prato e dizer com orgulho que eu tinha acabado. Não sei porque me lembrei disso hoje. Eu devia ter uns seis anos e estava na casa de uma amiga. Me lembro da mesa da cozinha, me lembro do granito, dos azulejos azuis e de espalhar milimetricamente o arroz pelas bordas do prato. Mas não sabia o que fazer com a carne nem com a banana a milanesa. Acho que até hoje não sei resolver as grandes porções e fico espalhando os grãos de arroz pelas bordas.
Calvin
Hoje estava na Itiban folhando, entre outras coisas muuuito legais, dezenas de Calvin´s que tem lá. Zapeando por aqui encontrei essa tira. Perseguição!
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Calvin e Haroldo.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Poder de síntese
... "Uma flor à margem do rio para ele era uma flor amarela e não era mais nada.... Mas há uma diferença. Depende se se considera a flor amarela como uma das várias flores amarelas ou como aquela flor amarela só. É que para tal homem, essa flor amarela era uma experiência vulgar, ou coisa conhecida. Ora, isso não está bem. Toda coisa que vemos, devemos vê-la sempre pela primeira vez, porque realmente é a primeira vez que a vemos. Então cada flor amarela é uma nova flor amarela, ainda que seja o que se chama de a mesma de ontem. A gente já não é mais o mesmo nem a flor a mesma. O próprio amarelo não pode ser já o mesmo. É pena a gente não ter exatamente os olhos para saber isso, porque então éramos todos felizes".
(Fernando Pessoa num rara edição portuguesa de 1975 que eu tenho. Ilustração de Gustav Klint, porque eu quis)
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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
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