segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A queda




Ele me pergunta se eu já sei por que quebrei o pé. Amanhã completa um mês da queda. Bem, quebrei porque caí. Mas também quebrei porque precisava reconstruir. Juntar as peças e olhar a direção. Se há tantos obstáculos, penso, será que o caminho está certo? Nunca acreditei no caminho das pedras. Essa culpa cristã que diz que a gente precisa sofrer para chegar ao destino. O destino é tão agora. Com o pé quebrado, meu destino ficou suspenso. Foi como ter um carvalho caído obstruindo a estrada de ferro. A espera de pensar o contorno impossível. A espera do machado. A impossibilidade ou demora do corte. É uma obstrução. E você precisa pensar o tempo todo em como desviar do caminho. Porque é preciso. Mas mais ainda é preciso continuar em frente, com as lascas do carvalho impregnadas nas roupas, a estrada não será a mesma. Eu também não.